sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Filhoses

Pela inspiração e leituras de Natal.

«Filhó» no singular. «Filhós» no plural.

Uma filhó, duas ou mais filhós. Chamar-se «forma popular» a «filhós» no singular e «filhoses» no plural é eufemismo para ignorância a vencer pelo cansaço. Vasco Botelho de Amaral, no Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, identificou a raiz do erro - o povo começou a utilizar o termo erróneo por analogia indevida com «nozes», «vozes».

in Dicionário dos Erros Frequentes da Língua, Manuel Monteiro, 3ª edição Agosto 2015


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Os 'musgos', os pinheiros e o Natal

Está, precoce e, oficialmente aberta a época de Natal. Fui abalroada pela onda que chega cada vez mais cedo, de ano para ano! Vamos lá. Sininhos, luzinhas e bolachinhas, ação!

Vou querer carregar todos os anos nesta tecla, até a mensagem chegar a todos os destinatários (que às vezes também têm falta de memória).

O uso de musgos nos presépios é uma tradição natalícia muito antiga. Mas como tudo na vida pode e deve evoluir. Eu compreendo, mas não aceito, a relutancia de muita gente ao não uso dos musgos vivos nas suas decorações. Porquê querer continuar a fazer alguma coisa que até percebemos que está mal, só por ronha, só porque tenho que levar a minha ideia avante, só porque o vizinho fez eu também tenho que fazer?

Vamos avivar e crias novas memórias?

Os briófitos (musgos as hepáticas e os antóceros) são plantas terrestres não vasculares, muito pouco diferenciadas quanto ao tipo de organização. O seu crescimento e reprodução sexuada dependem profundamente da disponibilidade de água e este fator é sempre o mais limitante.

Este ano, o tempo seco que atravessamos será especialmente dramático para estas 'verdinhas' que vêm o seu principalmente elemento contribuidor para a vida drasticametne reduzido. E, por isso, se espera de todos ações responsáveis que previnam um declínio ainda maior que o esperado. Não vamos usar plantas vivas no nossos adornos, salvo se guardaram os 'musgos' de um ano para o outro - reidratando-os e dando-lhes vida nesta altura - ver vídeo Explica-me: O que fazer ao musgo depois do Natal?; ou se o uso de um pinheiro vivo tem como final intenção a sua plantação no meu jardim ou outro local. 

Desempenham um papel muito importante nos ecossistemas, são considerados bons indicadores da qualidade dos habitats e da sua funcionalidade ecológica, criam condições para a acumulação de húmus, estabilização dos solos, para a fixação e germinação de sementes, servindo de alimento e proteção para diversas espécies de animais. Têm também um papel considerável na acumulação de biomassa, na reciclagem dos nutrientes e no ciclo da água. Nos dias de precipitação ou nevoeiro funcionam como “esponjas”, facilitando um escoamento mais suave da água até ao solo, impedindo a formação de turbilhões até às linhas de água, contendo por isso a erosão. Armazenam assim, grandes quantidades de água que são fundamentais para a manutenção do equilíbrio hídrico, por exemplo no interior de uma floresta. 
Se tens 'musgos' no teu jardim, num espaço perto da tua casa ou do teu local de trabalho sente-te privilegiado porque frequentas locais ecologicamente estáveis e de qualidade biólogica. Por isso, não contribuas para a sua destruição ou degradação. Pode chegar-nos ao pensamento que o bocadinho que vamos tirar ali do muro do vizinho é pouco significante, mas se levarmos o pensamento mais além e olharmos para as prateleiras das lojas vemos sacos e sacos de musgo, e esse impacto já não será tão pouco significativo. Considera esta perspetiva, reduz ou anula este tipo de compra e estes produtos desaparecerão das superfíceis comerciais. 

2017 está a revelar-se um ano trágico, não só pela seca mas também pelos graves incêndios que no assolaram Portugal. As briófitas podem ser uma grande ajuda na mitigação das consequências que deste tipo de fenómenos podem advir, se não vejamos:

Foi observado que inúmeros fatores ambientais tinham efeito na distribuição das comunidades. Quando existe um fogo as primeiras espécies a surgir são briófitos nomeadamente Funaria higrometrica Hedw. ex Guim e Ceratodon purpureus (Hedw.) Brid., além de diversas espécies de líquenes criando condições para o solo ser estabilizado e as sementes das plantas vasculares não serem arrastadas pelos turbilhões de água, fixarem-se e posteriormente germinarem, (...).

Peço uma época natalícia mais ecologicamente consciente e menos preocupada apenas com o nosso úmbigo.


As citações deste texto foram retiradas daqui, onde podem através de um especialista conhecer e aprender mais sobre estas plantas fantásticas. Aconselho vivamente a leitura!




quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Filho da puta

Sim, todos dizem «filho da puta». Certamente por esse motivo, não paramos para refletir sobre essa expressão. «Filho da puta» implica que a puta seja um sujeito determinado - que se saiba quem é. Se dissermos «filho de puta», não exibiremos a presunção de conhecer quem é. Da mesma forma dizemos «puta de rua» e não «puta da rua», de modo que não restrinjamos a prostituta a trabalhar numa só rua, além de que teríamos que conhecer perfeitamente qual era e de a nomear - a puta da Rua Tal.

Fica ainda a pergunta - dizendo filho da puta, não serão todos os visados filhos da mesma mãe, do tal sujeito determinado que se conhece?

Repare-se que em inglês se diz son of a bitch, e não son of the bitch.

Salienta-se ainda que quando recorremos ao adjetivo «grande», é com a preposição de que empregamos a expressão «filho de uma grande puta», e não «filho da grande puta».

in Dicionário dos Erros Frequentes da Língua, Manuel Monteiro, 3ª edição Agosto 2015

Aguarela

Deixo-vos aqui uma composição, feita por mim, para o bebé Santiago no seu primeiro aniversário.

Infelizmente, esqueci-me de tirar uma foto no final do trabalho e a qualidade destas é mínima. A história contada no quadro está muito mais gira!






Lápis e aguarela, em 'Onde está o pinguim'. Pinguim-imperador (nome científico: Aptenodytes forsteri).

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Dia Nacional do Mar [momento 'Sabias que...']

Não será preciso mais do que esta imagem para saber e fazer mais.
Sejam cidadãos conscientes e conhecedores da história das vossas escolhas.

by Oceanário de Lisboa

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Relógio Biológico [momento 'Sabias que...']



Despertar (das 7 às 8 horas)

Quem gosta de acordar tarde já começa o dia em desvantagem. A partir das 6 horas o corpo produz uma hormona que faz acordar o cortisol. Entre as 7 e as 8 horas a taxa de cortisol no corpo atinge a concentração máxima. Esse horário é o ideal para acordar com facilidade.

ATENÇÃO:

Voltar a dormir é um erro! Por volta das 9 horas o corpo começa a produzir endorfinas (analgésicos naturais) que encorajam um sono pesado, do qual será difícil sair sem dor de cabeça ou mau-humor.

Prazer (das 9 às 10 horas)

É a hora certa para as folias amorosas já que a taxa de serotonina (neurotransmissor ligado ao prazer) está no seu apogeu. O prazer experimentado só será aumentado. Por outro lado, também é hora de marcar consulta no dentista: as endorfinas, que também estão em alta nesse horário, funcionam como anestésicos naturais.

Trabalho (das 10 às 12 horas)

O estado de vigilância atinge o seu pic e a memória de curto prazo (que guarda coisas como um número de telefone) está mais activa. Depois das endorfinas desaaprecerem o organismo atinge a sua velocidade ideal. É o momento certo para refletir, discutir ideias e encontrar inspiração.

Descanso (das 13 às 14 horas)

A moleza que dá depois do almoço nãos e deve unicamente à digestão, mas também a uma queda de adrenalina (que acelera o ritmo cardíaco). Para retomar a disposição basta uma sesta de 20 minutos.

Movimento (das 15 às 16 horas)

A forma física encontra o seu auge a meio da tarde, ao mesmo tempo que a capacidade intelectual diminui. Como não há produção de hormonas específicas nesse horário os cronobiologistas ainda não encontraram uma explicação para o facto.

Rush (das 18 às 19 horas)

A partir das 18 horas o organismo fica particularmente vulnerável à poluição e ao monóxido de carbono. Convém limitar o consumo de cigarros e evitar, se possível, os engarrafamentos. Também, é neste horário que a aactividade intelectual e o estado de vigilância atingem um novo pico, que pode ser a hora certa de mandar as crianças fazerem os trabalhos de casa.

Risco de embreaguez (das 20 às 21 horas)

Se este horário costuma coincidir com o aperitivo antes do jantar é bom saber que é, também o momento em que as enzimas do fígado estão menos activas, o que faz com que se fiue bêbado mais rápido.

Sono (a partir das 20 horas)

A melatonina (hormona do sono) invad progressivamente o corpo a partir das 18 horas. Mas, é às 20 horas que aparece o primeiro momento ideal para dormir, sucedido por outros iguais a cada duas horas.

Regeneração (das 21 à 1 horas)

Esta fase do sono é muito importante porque coincide com o pico da produção da hormona do crescimento, indispensável para a renovação das células e arecuperação física. Esta hormona permite que os conhecimentos adquiridos na véspera sejam armazenados no cérebro.


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Estados de alma


















Valsa em espiral

Quando a vida mói
E a ferida dói
Moendo lá vai dando ao dente que a corda rói

Um dia, a corda cai
Dá corda ao tempo e vai
Indo assim por ir até que um dia a ira sai

Tudo o que é de dar, dói
O que não dói, não dá
Eu já só entrego os pontos a quem não contar

Contida, a ira cresce
Contudo o mundo mexe
Contando com o quanto do que não se conta acontece

Cá fora, a ira desce
E noutra a ira mexe
E nasce uma outra ferida que é mais uma ira cresce

Tudo o que é de dar, dói
O que não dói, não dá
Eu já só entrego os pontos a quem não contar

Só acerto as contas
Com quem não apontar

Só entrego as pontas
A quem não as julgar


  • Autoria: Miguel Araújo
  •  
  •  | 
  •   Interpretação: Miguel Araújo


    sexta-feira, 13 de outubro de 2017

    13 de outubro

    Pois não, hoje não estamos por ca´para comemorar a magia que é a vida. Também não é para celebrar o centenário+1 das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.
    Vim só matar saudades desta casa, abrir janelas e deixar arejar e refrescar a ver se ela volta à vida novamente!

    Mas vejam lá...hoje é sexta feira (13)!


    quinta-feira, 13 de julho de 2017

    13 de julho

    Hoje não há santos populares, mas a festa é do mais santo cá do sítio.
    Tem paciência até ao fim do mundo, é compreensivo até nos cansarmos de dizer chega!
    É de causas e de valores.
    Tem caracóis rebeldes que saltam aqui e ali, amo! E é esse o espírito que o faz ter paz quando já há panelas de pressão a apitar. 
    É metódico, mas a preguiça às vezes também lhe fala muito alto. 
    Tem coração de bombom que derrete tão rápido como um pulo de passarinho! 
    Gosta de ficar no seu ninho lá longe porque dançar não é o seu forte e estar no centro da pista também não. E às vezes também gosta de ir passear à lua e por lá ficar perdido.
    Persistência é o seu nome do meio e NÓS somos a prova provada.
    Pede mãos dadas e abraços apertados e beijos repenicados.
    Parabéns pessoa da minha vida!





    terça-feira, 13 de junho de 2017

    13 de junho


    Nasceste no dia de Santo António mas és de nome chamado João, mas não o santo que também é popular.
    Tens ondas do mar como cabelo, caracóis fortes e selvagens.
    O sorriso conquista, aberto e sonoro, faz-nos vibrar de alegria.
    És de beijinhos repenicados e, principalmente, de abraços apertados à entrada e à saída.
    Gostas de ser livre e brincar de corridas, bola e adoras jogos com peças. Também já sabes cuidar do boneco bebé, pões e tiras roupa e cantas canções de embalar.
    És de música. Sabes letras sem fim e para acompanhar não lhes faltam instrumentos. De guitarrista a flautista tu és uma estrela!
    És 'my little fox' de ar esperto e tom ternurento. Queres saber de outros amigos animais, e dizes como ninguém os nomes de uma selva inteira, aprendes estórias de encantar e estórias que são tuas. 
    Comes de tudo e não fazes grandes fitas só quando a brincadeira ou o ciúme são mais fortes.
    De faces redondas, bochechas apetitosas e olhos de azeitona és o meu amor!
    Já são três e passaram à velocidade de um alfa. Tanto que eu perdi e tanto que quero ver. 
    És um menino de sorte saído de uma caixa só de boas surpresas.

    quinta-feira, 8 de junho de 2017

    Our Oceans, Our Future [dia mundial dos Oceanos]

    Our oceans, our future


    The world has one ocean and its health is critical. Despite its crucial role in contributing to poverty eradication, global food security, human health, economic development and curbing climate change, our ocean is increasingly threatened, degraded or destroyed by human activities, reducing their ability to provide crucial support to our ecosystem. Today, pressures on coastal and marine ecosystems continue to increase, as more communities live along coasts, putting an unsustainable strain on coastal resources. This trend is foreseen to continue given the predicted global population growth.Already today, 30 per cent of the world’s fish stocks are over-exploited, while more than 50 per cent are fully exploited. Coastal habitats are under pressure, with approximately 20 per cent of the world’s coral reef lost and another 20 per cent degraded. Plastic waste alone kills up to one million sea birds, a hundred thousand sea mammals and countless fish each year. An estimated 80 per cent of marine pollution comes from land-based activities. Moreover, vulnerable groups, including the poor, women, children, and indigenous peoples, and coastal communities and countries with a high dependency on the oceans and their marine resources are particularly affected. 
    by: United Nations

    O mundo tem um só oceano e a sua saúde é crítica. Apesar do seu papel crucial em contribuir para a erradicação da pobreza, a segurança alimentar mundial, a saúde humana, o desenvolvimento económico e a redução das mudanças climáticas, o nosso oceano está cada vez mais ameaçado, degradado ou destruído pelas atividades humanas, reduzindo a sua capacidade de fornecer um suporte crucial ao nosso ecossistema. Hoje, as pressões sobre os ecossistemas costeiros e marinhos continuam a aumentar, mais comunidades vivem ao longo das costas, colocando uma pressão insustentável sobre os recursos costeiros. Esta tendência está prevista para continuar dado o crescimento previsto da população global.

    Hoje, 30% das unidades populacionais de peixes do mundo estão sobreexplotadas, enquanto mais de 50% são totalmente exploradas. Os habitats costeiros estão sob pressão, com aproximadamente 20 por cento do recife de coral do mundo perdido e outros 20 por cento degradados. O desperdício de plástico sozinho mata até um milhão de aves marinhas, cem mil mamíferos e inúmeros peixes a cada ano. Estima-se que 80 por cento da poluição marinha provêm de atividades terrestres. Além disso, os grupos vulneráveis, incluindo os pobres, as mulheres, as crianças e os povos indígenas, e as comunidades costeiras e países com alta dependência dos oceanos e seus recursos marinhos são particularmente afetados.



    2017 Theme: “Our oceans, our future”

    The oceans cover about two-thirds of the surface of the Earth and are the very foundations of life. They generate most of the oxygen we breathe, absorb a large share of carbon dioxide emissions, provide food and nutrients and regulate climate. They are important economically for countries that rely on tourism, fishing and other marine resources for income and serve as the backbone of international trade.Unfortunately, human pressures, including overexploitation, illegal, unreported and unregulated fishing, destructive fishing, as well as unsustainable aquaculture practices, marine pollution, habitat destruction, alien species, climate change and ocean acidification are taking a significant toll on the world’s oceans and seas.Peace and security are also critical to the full enjoyment of the benefits that can be derived from the oceans and for their sustainable development. As has been remarked by the Secretary-General: “There will be no development without security and no security without development.”This year’s theme for the Day is “Our oceans, our future” and is connected to the Ocean Conference taking place from 5 to 9 June at United Nations headquarters in New York. 
    by: United Nations

    Os oceanos cobrem cerca de dois terços da superfície da Terra e são os próprios alicerces da vida. Eles geram a maior parte do oxigénio que respiramos, absorvem uma grande parte das emissões de dióxido de carbono, fornecem alimentos e nutrientes e regulam o clima. São economicamente importantes para os países que contam com o turismo, a pesca e outros recursos marinhos para a renda e servem como espinha dorsal do comércio internacional.

    Infelizmente, as pressões humanas, incluindo a exploração excessiva, a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, a pesca destrutiva, bem como as práticas de aquicultura insustentáveis, a poluição marinha, a destruição do habitat, as espécies exóticas, as mudanças climáticas e a acidificação dos oceanos estão causando um impacto significativo nos oceanos e mares do mundo.

    O tema deste ano para este dia é "Os nossos oceanos, o nosso futuro" e está interligado à Conferência Oceânica que acontece de 5 a 9 de junho na sede das Nações Unidas em Nova York.

    Portugal ofereceu-se, na passada terça-feira na pessoa da Ministra do Mar - Ana Paula Vitorino - para receber a II Conferência dos Oceanos da ONU, em 2020.


    Vamos celebrar e proteger este gigante azul!




    segunda-feira, 5 de junho de 2017

    World Environmental Day [dia mundial do Ambiente]


    The theme for 2017, 'Connecting People to Nature', urges us to get outdoors and into nature, to appreciate its beauty and to think about how we are part of nature and how intimately we depend on it. It challenges us to find fun and exciting ways to experience and cherish this vital relationship.

    Hoje é o dia mundial do Ambiente e 2017 chama-nos a ligar-nos à natureza [observar de perto e saber mais sobre o que nos rodeia], e esta crónica que transmite mensagens importantes que devem tocar a nossa consciência e despertar os nossos melhores sentidos.

    Maria Amélia Martins-Loução é bióloga, professora catedrática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa no departamento de Biologia Vegetal e presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia e escreve-nos assim:



    Para que queremos o Ambiente?



    A sociedade terá de ser cada vez mais responsável e apta a defender os interesses de um meio natural que é de todos e para todos.

    Hoje é o Dia Mundial do Ambiente. Desde há muito se fala de ambiente, mas qual o seu significado para a grande maioria das pessoas? Ambiente, do latim ambiens (que anda em volta de), é entendido como o conjunto de coisas que nos cercam. Para os biólogos, é tudo o que rodeia e afecta a resposta dos organismos vivos, sejam factores físicos — luz, água, temperatura, solo — sejam outros organismos que coabitam no mesmo espaço e que com eles interajam.
    A sociedade interpreta o ambiente de forma egocêntrica, como tudo o que afecta o homem, seja no aspecto físico, luz, calor, frio, seja no conforto, bem-estar e meio social. Isto torna o ambiente como uma externalidade, que pode ser rapidamente perceptível e afectiva, se tiver uma consequência directa na vida do cidadão. Ou ser antes um tema impessoal, com uma noção de risco longínqua, que não afecta o imediato da vida de cada um e é ignorado.De entre os problemas ligados ao ambiente, há uns com “estatuto” e interesse global, como o caso das alterações climáticas e a poluição atmosférica e marinha. A terra, a ocupação e uso do solo, a biodiversidade, não geram preocupação política, embora o seu estatuto possa vir a ser reconhecido depois do lançamento, em 2018, do relatório final produzido pelo Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services. Esta plataforma realça a importância de proteger a biodiversidade, como já tinha sido referido na revisão da Convenção para a Diversidade Biológica em 2011. Desde 2012, a política europeia chama a atenção para a necessidade de se tomarem medidas que impeçam a contínua perda de biodiversidade, especialmente quando está provado que a sua protecção pode contribuir significativamente para a mitigação e adaptação às alterações climáticas.Um estudo recente publicado na Science, em Outubro de 2016, mostra que se não existirem políticas urgentes e consistentes, a alteração climática vai alterar significativamente e de forma irreversível a paisagem Mediterrânica. Portugal poderia minimizar a aridez do território, que já se faz sentir, com incentivos à reflorestação intensiva com espécies autóctones e de crescimento lento. É tempo de se olhar a “floresta” portuguesa não só como floresta de produção. Mas para isso são necessárias estratégias baseadas no conhecimento dos ecossistemas, da biologia e ecologia das espécies.Para usar a biodiversidade como estratégia de mitigação das alterações climáticas há que compreender que não são só números ou nomes de espécies que se plantam ou introduzem. Um ecossistema terá de possuir diversidade de características que se complementem, que interagem, assegurando serviços que regulam e estabilizam o ciclo hidrológico, a despoluição da atmosfera e o armazenamento de carbono para compensar as emissões de gases com efeito de estufa. Essas características são dadas pelos microrganismos do solo, pelas plantas e pelos animais que coabitam de forma estável e equilibrada. Se um elo da cadeia falta é uma oportunidade para surgir uma praga, para morrer um animal, para o depauperamento da vegetação. É esta visão holística que deverá estar subjacente a qualquer medida ou estratégia política de reflorestação e que tarda em ser assumida.Os dados que a Sociedade Portuguesa de Ecologia tem vindo (e vai continuar) a recolher dos sítios LTER (Long Term Ecological Research, www.lterportugal.net) espalhados pelo território nacional e albergando diferentes habitats e microclimas têm permitido o conhecimento científico sobre os ecossistemas, tirando partido da relação com a sociedade envolvente. Nesses locais tem-se estudado, ao longo do tempo, a resposta dos organismos, solo, plantas e animais. A interdisciplinaridade e a modernidade metodológica da abordagem permitem a aquisição de conhecimentos sobre a estrutura dos ecossistemas, a função das espécies, a componente física e humana, incluindo os sistemas sociais e económicos em que se integram. Os dados adquiridos ao longo do tempo vão permitir o desenvolvimento de medidas de gestão, baseadas no modo de interacção entre a natureza, meio físico e biológico, e a sociedade humana. Ou seja, medidas baseadas nos serviços e produtos que os ecossistemas podem trazer ao Homem, gerando sustentabilidade e diversificação económica. São estes conhecimentos que deviam servir de base às futuras políticas de reflorestação, para melhoria significativa da paisagem Mediterrânica, que tanto atrai o turismo.Isto significa educar os jovens, no modo como olham, tratam e respeitam o ambiente, mas também a sociedade e os decisores e responsáveis políticos, para saberem usar ferramentas e interpretar dados que os investigadores produzem. O lançamento, pelo Ministério do Ambiente, da Estratégia Nacional de Educação Ambiental para o período 2017-2020 merece, pois, ser destacado. Este documento procura enquadrar as políticas ambientais e o compromisso político que o Governo assumiu com a Agenda 2030 das Nações Unidas. As actividades vão privilegiar jovens estudantes mas também a formação a empresários, autarcas, técnicos da administração central e municipal. Esta formação é fundamental ser implementada tendo presente a descentralização dos serviços pelos municípios.
    Para que queremos o ambiente? Para nosso conforto e sobrevivência futura. Para isso, a sociedade terá de ser cada vez mais responsável e apta a defender os interesses de um meio natural que é de todos e para todos; e o Estado deverá assegurar as condições que permitam a melhoria da qualidade de vida, individual e colectiva, garantindo os pressupostos básicos de um desenvolvimento sustentado. No fundo, são os princípios básicos da Lei de Bases do Ambiente, lançada há 30 anos.
    em jornal PÚBLICO.

    domingo, 4 de junho de 2017

    [sequela de] 4km e 5 sardinhas, a matemática não bate certo!

    Para quê escrever mais alguma coisa se um título pode dizer tudo?! Não tenho justificações...
    Quando a pessoa da tua vida prepara o manjar enquanto a dama vai ali ao lado exercitar o pernil.

    P.S.: não, ainda não estão assim com aquela gordurinha bouuuua!





    Borrachos gémeos [momento 'Sabias que...']


    Este post inicia uma séria de publicações de perguntas do quatidiano respondidas com factos científicos sobre os quais alguém (no mundo!) teve curiosidade ou interesse pelos mais variados motivos, e que se encontram compilados no livro "PORQUE É QUE OS URSOS-POLARES VIVEM SÓS? e outras 101 questões científicas intrigantes" e que já foram, também, publicados na revista 'NewScientist'. Este livro é uma sequela de "Porque é que o mar é azul?" e "Porque é que não congelam osp inguins?".

    Esta é a minha seleção das questões e respostas mais interessantes e engraçadas e facilmente perceptíveis quando respondidas através da ciência!


    Ao abrir um ovo cozido ao pequeno-almoço encontrei outro ovo lá dentro. Não se tratava de um ovo com duas gemas, mas sim de um ovo com dois ovos – um ovo um ovo completamente novo, com casca e gema, dentro de outro. Será que alguém o consegue explicar? 
    questão por,
    Liam Spencer
    York, Reino Unido


    Um ovo que surge dentro de outro ovo é um acontecimento muito invulgar. Regra geral, a produção de um ovo de um pássaro tem início com a libertação do óvulo do ovário. Percorre depois o oviduto, sendo envolvido em gema, depois em albúmen e finalmente membranas, antes de por fim ser rodeado pela casca e posto.
    Ocasionalmente, um ovo regressa pelo oviduto e encontra-se com outro ovo que percorre o canal, acabando por ficar preso dentro do segundo ovo durante o processo de formação da casca, o que dá origem a um ovo dentro de outro ovo. Ninguém sabe ao certo o que leva o primeiro ovo a regressar, embora um a teoria sugira que o responsável poderá ser um choque repentino. Já foram relatados ovos dentro de ovos em galinhas, galinha-da-índia, patos e mesmo em codornizes.
    Acrescente-se ainda que é muito raro encontrar este fenómeno em ovos de compra, pois estes são observados regularmente (é apontada uma luz forte ao ovo para examinar o conteúdo) e, regra geral, as irregularidades são rejeitadas.

    respondido por,
    Alex Williams
    Haverfordwest, Pembrokeshire, Reino Unido


    (...)Assim sendo, desde há centenas de anos que o «óvulo no ovo», tal como é aqui conhecido o fenómeno descrito, atrai a atenção erudita específica.
    Já em 1250, o frade polímato dominicano Alberto Magno referia um «ovo com duas cascas» no seu livro De animalibus e, em finais do século XVII, anatomistas pioneiros como William Harvey, Claude Perrault e Johann Sigismund Elsholtz dedicaram igualmente a sua atenção ao fenómeno.
    Ocorrem quatro tipo gerais – variações de ovo sem gema e completos – mas esta forma em que se encontra um ovo completo dentro de outro é relativamente rara. Foram adiantadas várias teorias quanto à origem destes ovos duplos, mas a mais provável sugere que a ação muscular rítmica normal, ou peristalse, que desloca o ovo em desenvolvimento, que se desloque o ovo em desenvolvimento ao longo do oviduto, deixa de funcionar corretamente.
    Uma série de contrações anormais poderão forçar o ovo completo ou semicompleto a recuar pelo oviduto e, se o ovo se encontrar com outro ovo em desenvolvimento, que se desloque normalmente ao longo do oviduto, este poderá englobar o primeiro. Em termos mais simples, poderá formar-se outra camada de albúmen e de casca em torno do ovo original.
    Regra geral, quando não há gema dentro do ovo «anão», ou interior, encontramos um objeto estranho no centro. Este serviu de núcleo em torno do qual se depositaram o albúmen e a casca, através de um processo semelhante ao da criação de uma pérola.
    (…) 
    respondido por,
    Douglas Russel
    Curador do Grupo de Aves
    Departamento de Zoologia
    Museu de História Natural
    Tring, Hertfordshire, Reino Unido

    segunda-feira, 15 de maio de 2017

    Fair Play



    [Já está na playlist!]


    City Lights

    All alone in the danger zone
    Are you ready to take my hand?
    All alone in the flame of doubt
    Are we going to lose it all?

    I could never leave…you in the city lights
    I could never beat…the storm in your eyes,
    The storm in your bright eyes

    All alone in the danger zone
    Are you ready to take my hand?
    All alone in the flame of doubt
    Are we going to lose it all?

    Looking in between…the space in the city lights
    All we ever seen is stars in your eyes
    The stars in your dark eyes

    All alone in the danger zone
    Are you ready to take my hand?
    All alone in the flame of doubt
    Are we going to lose it all?

    Let’s put some light in to our lives
    Light keep us down until we rise
    They threw some light in to our lives

    All alone in the danger zone
    Are you ready to take my hand?
    All alone in the flame of doubt
    Are we going to lose it all?

    All alone in the danger zone
    Are you ready to take my hand?
    All alone in the flame of doubt
    Are we going to lose it all?
    To lose it all?
    To lose it all?


  • Autoria: Pierre Dumoulin & 
  • Blanche | 
  • Interpretação: Blanche

    domingo, 14 de maio de 2017

    Estou assim!


    [não há descrição possível!]


















    Amar pelos dois
    Se um dia alguém
    Perguntar por mim
    Diz que vivi
    Para te amar

    Antes de ti
    Só existi
    Cansado e sem nada p’ra dar
    Meu bem
    Ouve as minhas preces
    Peço que regresses
    Que me voltes a querer

    Eu sei
    Que não se ama sozinho
    Talvez devagarinho
    Possas voltar a aprender

    Se o teu coração
    Não quiser ceder
    Não sentir paixão
    Não quiser sofrer

    Sem fazer planos
    Do que virá depois
    O meu coração
    Pode amar pelos dois

    Autoria: Luísa Sobral | Interpretação: Salvador Sobral

    quarta-feira, 10 de maio de 2017

    World Migratory Bird Day [dia mundial das Aves Migratórias]

    Their Future is Our Future [O seu Futuro é o Nosso Futuro] 

    -> Quais são as principais ameaças às aves migratórias?
    -> O que está em jogo, o que podemos fazer?!

    Há mais de dez anos, o Dia Mundial das Aves Migratórias despertou a consciência sobre a necessidade de conservação das aves migratórias e dos seus habitats, as ameaças que enfrentam, a importância ecológica e a necessidade de cooperação internacional para conservá-las. 

    Este vídeo foi criado por um voluntário online da ONU para ajudar a entender melhor como seu futuro e nosso futuro estão interligados e conscientizar sobre a necessidade urgente de uma gestão sustentável de nossos recursos em todo o mundo - para aves migratórias e para a humanidade.


    As aves migratórias enfrentam um número crescente de ameaças ao viajar grandes distâncias. As suas vias de passagem intercontinentais incluem locais de escala essenciais que são essenciais para as aves migratórias descansarem e reabastecerem antes de prosseguirem a sua viagem. Celebrado em mais de 70 países em torno de 10 de Maio, o Dia Mundial das Aves Migratórias de 2017 destaca a necessidade de cooperação internacional para conservar as aves migratórias e seus habitats em benefício da humanidade. 
    Milhões de aves migram todos os anos ao longo de vias migratórias globais entre continentes, por exemplo, de colónias de reprodução na Europa para áreas de alimentação mais quentes em África . Algumas destas aves enfrentam o maior declínio já alguma vez sucedido. A perda de habitat, causada pela recuperação de terras e mudanças nas práticas agrícolas globais, bem como a caça ilegal, estão a ameaçar aves migratórias em todo o mundo.
    Com o tema "O seu Futuro é o nosso Futuro - Um planeta saudável para aves migratórias e pessoas", o Dia Mundial das Aves Migratórias  lançará luz sobre o tema "Desenvolvimento Sustentável para a Vida Selvagem e as Pessoas". O tema de 2017 está ligado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e destaca a interdependência entre as pessoas e a natureza, e mais especificamente as pessoas e as aves migratórias, uma vez que partilham o mesmo planeta e os mesmos recursos limitados. A atividade humana pode ter um impacto negativo na migração das aves, enquanto a humanidade depende de pássaros de muitas maneiras. A campanha de 2017 terá por objetivo sensibilizar para a necessidade de uma gestão sustentável dos nossos recursos naturais, demonstrando que a conservação das aves é também crucial para o futuro da humanidade.


    Ilustrações: Marco Nunes Correia
     "Um país maluco de andorinhas / tesourando as nossas cabecinhas /de enfermiços meninos, roda-viva / em que entrássemos de corpo e alegria!"
    Alexandre O"Neill


    As andrinhas são, talvez, o maior ícone da Primavera, mas são apenas algumas das espécies que chegam a Portugal para se reproduzir. São as que mais se fazem notar com os seus frenéticos passeios entre os beiras e um qualquer sítio onde possam apanhar insectos para se alimentarem e lama e palha para construírem os seus ninhos. Ninhos estes muitas vezes destruídos porque 'aquilo não fica bem na frente da minha casa', porque 'estrega as janelas e o chão!', porque 'fazem muito lixo', porque 'estes bichos são muito barulhentos'. Isto é crime!

    Segundo o do Decreto de Lei n.º 140/99 de 24 de abril podemos saber que:

    Artigo 1.º
    Objetivos 
    1 - O presente diploma procede à revisão da transposição para o direito interno das seguintes diretivas comunitárias: 
     a) Diretiva n.° 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (diretiva aves), alterada pelas Diretivas n.°s 91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, 94/24/CE, do Conselho, de 8 de Junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 de Junho; b) Diretiva n.° 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (diretiva habitats), com as alterações que lhe foram introduzidas pela Diretiva n.° 97/62/CE, do Conselho, de 27 de Outubro; 
    2 - São objetivos deste diploma contribuir para assegurar a biodiversidade, através da conservação e do restabelecimento dos habitats naturais e da flora e fauna selvagens num estado de conservação favorável no território nacional, tendo em conta as exigências económicas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais e locais. 
    Artigo 2.° 
    Âmbito de aplicação  
    1 — O presente diploma é aplicável: 
    a) A todas as espécies de aves, incluindo as migratórias, que ocorrem naturalmente no estado selvagem no território europeu dos Estados membros da União Europeia, a todas as espécies de aves constantes dos anexos A-I, A-II, A-III e D do presente diploma e que dele fazem parte integrante, bem como aos ovos, ninhos e habitats de todas aquelas espécies. 
    (...)

    e que pelo Decreto de Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, que altera o anterior, e que foi determinado pelo MINISTÉRIO DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO:

    (...) 
    SECÇÃO III 
    Regime jurídico de proteção de espécies Artigo 11º Espécies animais 
    1 — Para assegurar a proteção das espécies de aves previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º e das espécies animais constantes dos anexos B-II e B-IV, é proibido: 
    a) Capturar, abater ou deter os espécimes respetivos, qualquer que seja o método utilizado;
    b) Perturbar esses espécimes, nomeadamente durante o período de reprodução, de dependência, de hibernação e de migração, desde que essa perturbação tenha um efeito significativo relativamente aos objetivos do presente diploma;
    c) Destruir, danificar, recolher ou deter os seus ninhos e ovos, mesmo vazios;
    d) Deteriorar ou destruir os locais ou áreas de reprodução e repouso dessas espécies.

    No espaço comunitário, a primeira grande ação conjunta dos Estados membros para conservação do património natural ocorreu em 1979, com a publicação da Diretiva n.° 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens (diretiva aves) - adaptada à adesão de Portugal pela Diretiva nº 86/122/CEE, do Conselho, de 8 de Abril. Este diploma tem por objetivo a proteção, gestão e controlo das espécies de aves que vivem no estado selvagem no território da União Europeia, regulamentando a sua exploração. Atendendo à regressão de muitas populações de espécies de aves no território europeu (em especial das migradoras), à degradação crescente dos seus habitats e ao tipo de exploração de que eram alvo, aquela diretiva prevê que o estabelecimento de medidas de proteção.  Portugal transpôs esta diretiva para a ordem jurídica interna através do Decreto-Lei n.° 75/91, de 14 de Fevereiro, que mais uma vez refere:

    (...) 
    Artigo 5º 
    Sem prejuízo do disposto no artigo anterior e com vista à proteção das aves selvagens que vivem no estado bravio em território nacional, é proibido: 
    a) Abater, capturar ou deter os espécimes respetivos, qualquer que seja o método utilizado;
    b) Destruir, danificar, colher ou deter os seus ninhos e ovos;
    c) Perturbar intencionalmente os respetivos espécimes durante o período de reprodução e dependência.


    quarta-feira, 3 de maio de 2017

    Sol

    Ele veio!!!
    E, por isso, vamos celebrar o dia internacional do sol!


    terça-feira, 25 de abril de 2017

    Suporte Básico de Vida (quando o coração nos prega partidas)

    E para estas partidas quereríamos, idealmente, finais felizes. No entanto, nem sempre está ao nosso alcance escolher o final do argumento, mas quando está cabe-nos actuar fazendo o máximo e melhor possível, por qualquer pessoa. E assim refiro-me, concretamente, ao Suporte Básico de Vida. 

    A cada minuto que passa, em que o nosso coração produza um ritmo de batimentos alterado (fatal), a taxa de sobrevivência diminui 7-10%.

    5 minutos de não circulação sanguínea, de não oxigenação celular, são o suficiente para que ocorra uma lesão cerebral irreversível.

    Parecem-me razões mais que suficientes para que saibamos o mínimo para salvar a vida de alguém, principalmente quando pode ser alguém mais próximo.

    As doenças cardiovasculares (DCV's) podem ser prevenidas se combatermos o tabagismo, a dislipidémia (altos níveis de gordura no sangue), a diabetes, a hipertensão arterial (pressão arterial alta), a obesidade, que pode estar associada a maus hábitos alimentares e ao sedentarismo.

    Todos este factores de risco podem conduzir a um conjunto de doenças cardiovasculares mais comuns como a angina de peitodoenças arteriais periféricasdoenças cerebrovascualresdoenças congénitasdoenças do miocárdio e pericárdiodoenças valvulares cardíacasembolia pulmonar e trombose venosa profundaenfarte do miocárdiofibrilhação auricular e insuficiência cardíaca, que numa sucessão de acontecimentos desde o compromisso da circulação sanguínea até à lesão cerebral ou outros podem levar à morte.

    Como consequência de qualquer uma destas doenças (e/ou outros demais acontecimentos) pode suceder uma paragem cardiorrespiratória a qualquer pessoa de qualquer idade. É importante que saibamos como actuar e como canalizar e racionalizar a nossa preocupação e ansiedade mantendo sempre claros alguns parâmetros importantes, porque salvar uma vida envolve uma sequência de passos e cada um deles influência a sobrevivência [cadeia de sobrevivência].



    Algoritmo de Suporte Básico de Vida Adulto


    AVALIAR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA
    Aproximar-se da vítima com cuidado, garantindo que não existe perigo para si, para a vítima ou para terceiros (atenção a perigos como por exemplo: tráfego, electricidade, gás ou outros).

    AVALIAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA
    Abanar os ombros com cuidado e perguntar em voz alta: “Sente-se bem?”.
    Se a vítima não responder gritar por ajuda.




    PERMEABILIZAR A VIA AÉREA
    Numa vítima inconsciente a queda da língua pode bloquear a via aérea. Esta pode ser permeabilizada pela extensão da cabeça e pela elevação do queixo, o que projecta a língua para a frente.

    Se tiver ocorrido trauma ou suspeita de trauma, devem ser tomadas medidas para protecção da coluna da vítima e não deve ser realizada a extensão da cabeça. Como alternativa, deverá ser realizada a protusão (sub-luxação) da mandíbula (requer um reanimador à cabeça para estabilização/controlo da coluna cervical e manutenção da via aérea permeável). 

    Para efectuar a protusão da mandíbula:
    - Identificar o ângulo da mandíbula com o dedo indicador;
    - Com os outros dedos colocados atrás do ângulo da mandíbula, aplicar uma pressão mantida para cima e para frente de modo a levantar o maxilar inferior;
    - Usando os polegares, abrir ligeiramente a boca através da deslocação do mento para baixo.



    RESPIRAÇÃO NORMAL?
    Mantendo a via aérea permeável, verificar se a vítima respira normalmente, realizando o V(ver)O(ouvir)S(sentir) até 10 segundos:

    - Ver os movimentos torácicos;
    - Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/nariz;
    - Sentir o ar expirado na face do reanimador.


    Algumas vítimas, nos primeiros minutos após uma notas: PCR (paragem cardiorrespiratória), podem apresentar uma respiração ineficaz, irregular e ruidosa. Não deve ser confundido com respiração normal. Se a vítima ventila normalmente colocar em posição lateral de segurança (PLS).




    LIGAR 112
    Se a vítima não responde e não tem ventilação normal active de imediato o sistema de emergência médica, ligando 112.
    - Reanimador único: se necessário abandone a vítima/local;
    - Se estiver alguém junto a si deve pedir a essa pessoa que ligue 112;
    - Se a vítima for uma criança ou vítima de afogamento (de qualquer idade) só deve ligar 112 após 1 minuto de Suporte Básico de Vida (SBV).

    Após ligar 112:
    - Se houver um DAE (Desfibrilhador Automático Externo) ligue-o e siga as suas indicações;
    - Se não houver um DAE disponível inicie SBV.




    INICIAR COMPRESSÕES TORÁCICAS
    Fazer 30 compressões deprimindo o esterno 5-6 cm a uma frequência de pelo menos 100 por minuto e não mais que 120 por minuto.



    INICIAR VENTILAÇÕES
    Após 30 compressões fazer 2 ventilações. Se não se sentir capaz ou tiver relutância em fazer ventilações, faça apenas compressões torácicas.
    Se apenas se fizerem compressões, estas devem ser contínuas, cerca de 100 por minuto (não existindo momentos de pausa entre cada 30 compressões).



    MANTER O SUPORTE BÁSICO DE VIDA (COMPRESSÕES+INSUFLAÇÕES)
    Manter 30 compressões alternando com 2 ventilações. PARAR apenas se:
    - Chegar ajuda (profissionais diferenciados);
    - Estiver fisicamente exausto;
    - A vítima recomeçar a ventilar normalmente.


    Espero que estes pequenos passos possam servir de grande ajuda em caso de necessidade.
    Podem saber mais aqui.