terça-feira, 25 de abril de 2017

Suporte Básico de Vida (quando o coração nos prega partidas)

E para estas partidas quereríamos, idealmente, finais felizes. No entanto, nem sempre está ao nosso alcance escolher o final do argumento, mas quando está cabe-nos actuar fazendo o máximo e melhor possível, por qualquer pessoa. E assim refiro-me, concretamente, ao Suporte Básico de Vida. 

A cada minuto que passa, em que o nosso coração produza um ritmo de batimentos alterado (fatal), a taxa de sobrevivência diminui 7-10%.

5 minutos de não circulação sanguínea, de não oxigenação celular, são o suficiente para que ocorra uma lesão cerebral irreversível.

Parecem-me razões mais que suficientes para que saibamos o mínimo para salvar a vida de alguém, principalmente quando pode ser alguém mais próximo.

As doenças cardiovasculares (DCV's) podem ser prevenidas se combatermos o tabagismo, a dislipidémia (altos níveis de gordura no sangue), a diabetes, a hipertensão arterial (pressão arterial alta), a obesidade, que pode estar associada a maus hábitos alimentares e ao sedentarismo.

Todos este factores de risco podem conduzir a um conjunto de doenças cardiovasculares mais comuns como a angina de peitodoenças arteriais periféricasdoenças cerebrovascualresdoenças congénitasdoenças do miocárdio e pericárdiodoenças valvulares cardíacasembolia pulmonar e trombose venosa profundaenfarte do miocárdiofibrilhação auricular e insuficiência cardíaca, que numa sucessão de acontecimentos desde o compromisso da circulação sanguínea até à lesão cerebral ou outros podem levar à morte.

Como consequência de qualquer uma destas doenças (e/ou outros demais acontecimentos) pode suceder uma paragem cardiorrespiratória a qualquer pessoa de qualquer idade. É importante que saibamos como actuar e como canalizar e racionalizar a nossa preocupação e ansiedade mantendo sempre claros alguns parâmetros importantes, porque salvar uma vida envolve uma sequência de passos e cada um deles influência a sobrevivência [cadeia de sobrevivência].



Algoritmo de Suporte Básico de Vida Adulto


AVALIAR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA
Aproximar-se da vítima com cuidado, garantindo que não existe perigo para si, para a vítima ou para terceiros (atenção a perigos como por exemplo: tráfego, electricidade, gás ou outros).

AVALIAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA
Abanar os ombros com cuidado e perguntar em voz alta: “Sente-se bem?”.
Se a vítima não responder gritar por ajuda.




PERMEABILIZAR A VIA AÉREA
Numa vítima inconsciente a queda da língua pode bloquear a via aérea. Esta pode ser permeabilizada pela extensão da cabeça e pela elevação do queixo, o que projecta a língua para a frente.

Se tiver ocorrido trauma ou suspeita de trauma, devem ser tomadas medidas para protecção da coluna da vítima e não deve ser realizada a extensão da cabeça. Como alternativa, deverá ser realizada a protusão (sub-luxação) da mandíbula (requer um reanimador à cabeça para estabilização/controlo da coluna cervical e manutenção da via aérea permeável). 

Para efectuar a protusão da mandíbula:
- Identificar o ângulo da mandíbula com o dedo indicador;
- Com os outros dedos colocados atrás do ângulo da mandíbula, aplicar uma pressão mantida para cima e para frente de modo a levantar o maxilar inferior;
- Usando os polegares, abrir ligeiramente a boca através da deslocação do mento para baixo.



RESPIRAÇÃO NORMAL?
Mantendo a via aérea permeável, verificar se a vítima respira normalmente, realizando o V(ver)O(ouvir)S(sentir) até 10 segundos:

- Ver os movimentos torácicos;
- Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/nariz;
- Sentir o ar expirado na face do reanimador.


Algumas vítimas, nos primeiros minutos após uma notas: PCR (paragem cardiorrespiratória), podem apresentar uma respiração ineficaz, irregular e ruidosa. Não deve ser confundido com respiração normal. Se a vítima ventila normalmente colocar em posição lateral de segurança (PLS).




LIGAR 112
Se a vítima não responde e não tem ventilação normal active de imediato o sistema de emergência médica, ligando 112.
- Reanimador único: se necessário abandone a vítima/local;
- Se estiver alguém junto a si deve pedir a essa pessoa que ligue 112;
- Se a vítima for uma criança ou vítima de afogamento (de qualquer idade) só deve ligar 112 após 1 minuto de Suporte Básico de Vida (SBV).

Após ligar 112:
- Se houver um DAE (Desfibrilhador Automático Externo) ligue-o e siga as suas indicações;
- Se não houver um DAE disponível inicie SBV.




INICIAR COMPRESSÕES TORÁCICAS
Fazer 30 compressões deprimindo o esterno 5-6 cm a uma frequência de pelo menos 100 por minuto e não mais que 120 por minuto.



INICIAR VENTILAÇÕES
Após 30 compressões fazer 2 ventilações. Se não se sentir capaz ou tiver relutância em fazer ventilações, faça apenas compressões torácicas.
Se apenas se fizerem compressões, estas devem ser contínuas, cerca de 100 por minuto (não existindo momentos de pausa entre cada 30 compressões).



MANTER O SUPORTE BÁSICO DE VIDA (COMPRESSÕES+INSUFLAÇÕES)
Manter 30 compressões alternando com 2 ventilações. PARAR apenas se:
- Chegar ajuda (profissionais diferenciados);
- Estiver fisicamente exausto;
- A vítima recomeçar a ventilar normalmente.


Espero que estes pequenos passos possam servir de grande ajuda em caso de necessidade.
Podem saber mais aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário