@eliabragacosta aguarela, Genetta genetta |
Este carnívoro de médio porte, de corpo alongado, extremidades curtas e cauda longa [1,2,3] tem pelagem pardo acinzentada caracterizada por manchas negras, que se estende da cabeça à base da cauda [1,2,4,5] e é especialista em trepar árvores possuindo patas com cinco dedos e garras curtas, finas e semi-retracteis [2,3]. É possível verificar dimorfismo sexual: Pouco acentuado, ainda que os machos sejam tendencialmente maiores e mais pesado que as fêmeas [4,5,6]. O seu comprimento médio cabeça-corpo varia entre 47-60cm e o da cauda entre 40-51cm [6], e pode pesar entre 1,2-2 kg [6].
@eliabragacosta aguarela, focinho de Genetta genetta |
Na atualidade esta espécie ocorre na África sub-sahariana, na África do Norte, sudoeste da Europa e Arquipélago das Baleares (ilhas Maiorca, Cabrera e Ibiza) [7]. A sua distribuição no continente Europeu está restringida à Península Ibérica, Sudoeste de França e Itália [7]. Já em Portugal possui uma distribuição generalizada no continente, sendo um dos mamíferos carnívoros mais abundantes.
É considerada uma espécie cosmopolita, capaz de ocupar um vasto leque de habitats, e revela uma preferência por áreas arborizadas [8] e de coberto vegetal denso [9], que fornecem simultaneamente abrigo e alimento [4,8]. A intensidade de perturbação humana é também um factor importante na selecção de habitat. A geneta evita zonas perto de habitações e estradas [11], embora níveis intermédios de pastoreio possam promover a presença desta espécie [1].
A gineta ocupa uma posição intermédia entre os carnívoros especialistas e generalistas[12], consumindo preferencialmente micro-mamíferos [13,14], mas também outros recurso como insectos, répteis, aves, ou frutos [12]. A sua dieta é marcada por uma importante variação sazonal e espacial. Devido a esta plasticidade, a geneta é considerada uma espécie especialista facultativa, com uma preferência clara por micromamíferos, explorando outros recursos de acordo com a sua disponibilidade [1]. Esta é uma espécie de hábitos nocturnos ou crepusculares [4,8,15], embora indivíduos juvenis demonstrem certa actividade diurna [4]. Durante o período diurno repousa em esconderijos naturais tais como cavidades em árvores, fendas em rochas ou silvados densos [10]. A Geneta é uma espécie trepadora, dotada de um grande equilíbrio conferido pela sua longa cauda. Sinais odoríferos desempenham um papel crucial na marcação de territórios e comunicação interspecifica, fundamentalmente através de excrementos depositados em latrinas [2,5], fundamental para orientar a sua organização social. É um carnívoro solitário e territorial [4,8] com uma área vital média de cerca de 3km2 [10], ocupando territórios exclusivos entre indivíduos do mesmo sexo, sendo que a sobreposição de domínios vitais apenas se verifica entre macho e fêmeas [4,8]. O seu período reprodutor estende-se ao longo de todo o ano, evidenciando-se dois picos distintos, em Fevereiro-Março e Julho-Agosto [4,5]. O período de gestação é de 11 semanas. Oito semanas após o nascimento, as crias de uma ninhada, com uma média de 2-3 indivíduos, deixam a toca e acompanham a progenitora até aos 12 meses de idade, período após o qual se tornam independentes. Atingem a maturidade sexual os 2 anos de idade [5].
@eliabragacosta aguarela, cauda de Genetta genetta |
Quer em Portugal e no resto do Mundo é uma espécie com estatuto de conservação e ameaça de “Pouco Preocupante” [8,16]. As suas principais ameaças são fundamentalmente de carácter antropogenético, podendo destacar-se a destruição e fragmentação de habitat [7], atropelamento [17] e medidas de controle de predadores implementadas pelas Zonas de Caça dos diversos regimes cinegéticos [7].
Referências
[1] Matos HM. 2012. Geneta (Genetta genetta): A Trepadora Africana. Pp. 168-179. Em: F Loureiro, NM Pedroso, MJ Santos, LM Rosalino (eds.) Um olhar sobre os carnívoros portugueses. CARNIVORA, Lisboa.
[2] Macdonald Dw (ed.). 2001. The new encyclopedia of mammals. Oxford University Press, Oxford.
[3] Piñero JR. 2002. Mamíferos carnívoros ibéricos. 2.ª ed., Lynx Edicions, Barcelona.
[4] Larivière S, Calzada J. 2001. Genneta genetta. Mammalian Species 680:1-3
[5] Palomo LJ, Gisbert J. (eds.) 2002. Atlas de los mamíferos terrestres de Espña. Sociedade Española para la Conservación y Estudio de los Mamíferos, Málaga.
[6]Rosalino LM, Santos MJ, Domingos S, Rodrigues M, Santos-Reis M. 2005. Population structure and body size of sympatric carnivores in a Mediterranean landscape of SW Portugal. Revista de Biologia (Lisboa) 23(1-4): 135-146.
[7]Herrero, J. & Cavallini, P. 2008. Genetta genetta. Em: IUCN. 2013 IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em: http://www.iucnredlist.org (acedido Março 2014).
[8] Palomares F, Delibes M. 1994. Spatio-temporal ecology and behaviour of European genets in southwestern Spain. Journal of Mammology 75:714-724.
[9]Virgós E, Romero T, Mangas JG. 2001. Factors determining “gaps” in the distribution of a small carnivore, the common genet (Genetta geneta), in central Spain. Canadian Journal of Zoology 79:1544-1551.
[10] Santos-Reis M, Santos MJ, Lourenço S, Marques JT, Pinto B. 2005. Relationships between stone martens, genets and cork oak woodlands in Portugal. Pp. 147-142. Em: DJ Harrison,AK Fuller, G Proulx. (eds), Marten and fishers (Martes) in human-altered environments: an international perspective. Springer Science and Business Media, Inc., New York.
[11] Espírito-Ssanto C, Rosalino LM, Santos-Reis M.. Factors Affecting the Placement of Common Genet Latrine Sites in a Mediterranean Landscape in Portugal. Journal of Mammalogy 88(1): 201-207
[12] Virgós E, Llorente M, Cortés Y. 1999. Geographical variation in genet (Genetta genetta L.) diet: a literature review. Mammal review 29(2):119-128.
[13] Rosalino LM, Santos-Reis M. Feeding habits of the common genet Genetta genetta in a man-made landscape of central Portugal. Mammalia 66(2): 195-205.
[14] Carvalho JC, Gomes P. 2004. Feeding resource portioning among four sympatric carnivores in the Peneda-Gerês National Park. Journal of Zoology 263: 275-283.
[15] Camps D. 2008. Activity patterns of adult common genets Genetta genetta (Linnaeus, 1758) in Northeastern Spain. Galemys 20(1):47-60.
[16] Cabral, MJ (coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiróz AI, Rogado L, Santos-Reis M (eds.). 2005. Livro vermelho dos vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.
[17] Grilo C, Baltazar C, Santos-Reis M, Silva C, Gomes L, Bissonette J. 2007. Patterns of carnivore road casualities in Southern Portugal. UC Davis: Road Ecology Center, Disponível online em: http://www.escholarship.org/uc/item/1vr0d0n5
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