Pois é, 2018 já começou há precisamente 59 dias mas o blog só acordou hoje! Faz de conta que voltamos à vida com o novo ano chinês (o ano do cão e não da coruja!).
Para dar início a esta nova etiqueta escolhi a Coruja-do-mato (Strix aluco) porque tenho exemplares (talvez um casal) como vizinhos. Para muita tristeza nunca as consegui ver, no entanto, consigo ouvir perfeitamente (quase como uma conversa de pé de orelha) longas e musicais conversas!
Esta espécie é vocalmente muito ativa, podendo ouvir-se o seu canto durante todo o ciclo anual, embora no final do verão tal seja menos frequente. O seu canto mais característico, composto por duas notas (uma simples, seguida de uma outra em trémulo), é, talvez, a melhor forma de localizar e identificar esta coruja. As visitas são praticamente diárias, havendo dias mais falantes que outros. E eu, adoro esta companhia!
Estas aves de rapina, uma das mais comuns no nosso país, são de atividade crespuscular e noturna que é quando saem para caçar e se alimentar. Esta coruja trata-se de um predador generalista que apresenta uma dieta muito variada que vai desde mamíferos, em particular roedores, pequenas aves, anfíbios, répteis, anelídeos (minhocas) e insectos que captura no solo, após detecção, a partir de um poiso e, para tal, realiza um tipo de voo com batimentos relativamente rápidos e deslizes longos.
Estas são sedentárias e relativamente numerosas em Portugal Continental, e o seu estatuto de conservação é LC (Pouco Preocupante, Cabral et al., 2005). Embora esta espécie se encontre presente de norte a sul a sua densidade varia grandemente de umas áreas para outras, devido à fragmentação dos bosques, sendo referido que é menos frequente na metade norte de Portugal distribuindo-se descontinuamente em toda a Península Ibérica.
Pode ocorrer em jardins e parques urbanos mas como é uma espécie marcadamente florestal, demonstra preferência por bosques de caducifólias ou mistos, embora também surja em povoamentos de coníferas e zonas agrícolas.
Em aparência as Corujas-do-mato têm uma coloração que varia entre o castanho-arruivado e o castanho-acinzentado e a plumagem é totalmente malhada, com finas riscas e manchas escuras; o disco facial é bastante marcado e homogéneo e a cauda barrada de forma fina e indistinta, exibem asas mais compridas e estreitas, os olhos e garras escuros e bico amarelado.
Nesta espécie ocorre dimorfismo sexual, sendo a fêmea maior e mais pesada que o macho, são habitualmente monógamas, mantendo-se os casais juntos durante toda a vida. São extremamente territoriais e é capaz de exibir comportamentos agressivos, chegando mesmo a atacar possíveis intrusos, principalmente durante a época de reprodução, no período em que as crias saem do ninho, ainda sem saberem voar.
É destemida na defesa do ninho e crias e a sua postura é de 2 a 5 ovos e ocorre entre fevereiro e junho; os ovos, de cor branca e formato arredondado, são postos com um intervalo de 48 horas. A incubação dura de 28 a 30 dias e é realizada pela fêmea que, neste período, é alimentada pelo macho. As crias abandonam o ninho, com cerca de um mês (25 a 30 dias), sendo capazes de voar com 32-37 dias de idade. Mas os progenitores continuam a alimentar os juvenis, até cerca de 3 meses, depois de estes começarem a voar; entre agosto e novembro os juvenis dispersam em busca do seu próprio território, já não podendo permanecer no território dos progenitores e atingem a maturidade sexual com 1 ano de idade.
Por esta altura, aquando da dispersão dos juvenis, dada a sua inexperiência, há uma grande susceptibilidade de estes sofrerem atropelamentos nas estradas, o que leva a uma elevada taxa de mortalidade destes indivíduos.
Por esta altura, aquando da dispersão dos juvenis, dada a sua inexperiência, há uma grande susceptibilidade de estes sofrerem atropelamentos nas estradas, o que leva a uma elevada taxa de mortalidade destes indivíduos.