quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Espécie do mês de fevereiro: Strix aluco

Pois é, 2018 já começou há precisamente 59 dias mas o blog só acordou hoje! Faz de conta que voltamos à vida com o novo ano chinês (o ano do cão e não da coruja!).

Para dar início a esta nova etiqueta escolhi a Coruja-do-mato (Strix aluco) porque tenho exemplares (talvez um casal) como vizinhos. Para muita tristeza nunca as consegui ver, no entanto, consigo ouvir perfeitamente (quase como uma conversa de pé de orelha) longas e musicais conversas!

Esta espécie é vocalmente muito ativa, podendo ouvir-se o seu canto durante todo o ciclo anual, embora no final do verão tal seja menos frequente. O seu canto mais característico, composto por duas notas (uma simples, seguida de uma outra em trémulo), é, talvez, a melhor forma de localizar e identificar esta coruja. As visitas são praticamente diárias, havendo dias mais falantes que outros. E eu, adoro esta companhia! 



Estas aves de rapina, uma das mais comuns no nosso país, são de atividade crespuscular e noturna que é quando saem para caçar e se alimentar. Esta coruja trata-se de um predador generalista que apresenta uma dieta muito variada que vai desde mamíferos, em particular roedores, pequenas aves, anfíbios, répteis, anelídeos (minhocas) e insectos que captura no solo, após detecção, a partir de um poiso e, para tal, realiza um tipo de voo com batimentos relativamente rápidos e deslizes longos.

Estas são sedentárias e relativamente numerosas em Portugal Continental, e o seu estatuto de conservação é LC (Pouco Preocupante, Cabral et al., 2005). Embora esta espécie se encontre presente de norte a sul a sua densidade varia grandemente de umas áreas para outras, devido à fragmentação dos bosques, sendo referido que é menos frequente na metade norte de Portugal distribuindo-se descontinuamente em toda a Península Ibérica. 

Pode ocorrer em jardins e parques urbanos mas como é uma espécie marcadamente florestal, demonstra preferência por bosques de caducifólias ou mistos, embora também surja em povoamentos de coníferas e zonas agrícolas. 
www.avibirds.com

Em aparência as Corujas-do-mato têm uma coloração que varia entre o castanho-arruivado e o castanho-acinzentado e a plumagem é totalmente malhada, com finas riscas e manchas escuras; o disco facial é bastante marcado e homogéneo e a cauda barrada de forma fina e indistinta, exibem asas mais compridas e estreitas, os olhos e garras escuros e bico amarelado. 

Nesta espécie ocorre dimorfismo sexual, sendo a fêmea maior e mais pesada que o macho, são habitualmente monógamas, mantendo-se os casais juntos durante toda a vida. São extremamente territoriais e é capaz de exibir comportamentos agressivos, chegando mesmo a atacar possíveis intrusos, principalmente durante a época de reprodução, no período em que as crias saem do ninho, ainda sem saberem voar. 



É destemida na defesa do ninho e crias e a sua postura é de 2 a 5 ovos e ocorre entre fevereiro e junho; os ovos, de cor branca e formato arredondado, são postos com um intervalo de 48 horas. A incubação dura de 28 a 30 dias e é realizada pela fêmea que, neste período, é alimentada pelo macho. As crias abandonam o ninho, com cerca de um mês (25 a 30 dias), sendo capazes de voar com 32-37 dias de idade. Mas os progenitores continuam a alimentar os juvenis, até cerca de 3 meses, depois de estes começarem a voar; entre agosto e novembro os juvenis dispersam em busca do seu próprio território, já não podendo permanecer no território dos progenitores e atingem a maturidade sexual com 1 ano de idade.

Por esta altura, aquando da dispersão dos juvenis, dada a sua inexperiência, há uma grande susceptibilidade de estes sofrerem atropelamentos nas estradas, o que leva a uma elevada taxa de mortalidade destes indivíduos. 
Annalisa Durante, 2017 [aquarela]


Bibliografia

Aves de Portugal. s/d. Coruja-do-mato (Strix aluco). Disponível online: http://www.avesdeportugal.info/stralu.html

BirdLife International. 2004. Birds in Europe: Population Estimates, Trends and Conservation Status. BirdLife Conservation Series nº 10. BirdLife International, Cambridge.

BTO. 2016. Tawny Owl Strix aluco (Linnaeus, 1758). Disponível online: http://blx1.bto.org/birdfacts/results/bob7610.htm

Cabral M. J. (coord.), Almeida J., Almeida P. R., Dellinger T., Ferrand de Almeida N., Oliveira M. E., Palmeirim J. M., Queiroz A. I., Rogado L. & Santos-Reis M. (eds.) 2005. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.

Catry P., Costa H., Elias G. & Matias R. 2010. Aves de Portugal: Ornitologia do Território Continental. Assírio & Alvim, Lisboa. ISBN: 978-972-37-1494-4

CERVAS. 2009. Espécie do mês de Maio: Coruja-do-mato. Disponível online: http://cervas-aldeia.blogspot.pt/2008/01/coruja-do-mato.html

Cramp S. (ed.) 1985. Handbook of the Birds of Europe, the Middle East and North Africa, (Terns to Woodpeckers), Vol. IV. Oxford University Press, Oxford.

Equipa Atlas. 2008. Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves,  Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa. ISBN: 978-972-37-1374-9, 978-972-775-198-3

IUCN. 2016. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2016-2. Disponível online: http://www.iucnredlist.org/

Lewis D. s/d. Eurasian Tawny Owl – Strix aluco. The Owl Pages. Disponível online: http://www.owlpages.com/owls/species.php?s=1580

Lopes I. 2014. Coruja-do-mato Strix aluco. Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Disponível online: http://www.spea.pt/pt/participar/grupos-de-trabalho/aves-noturnas/documentos-download/

Mikkola H. 2013. Owls of the World. A Photographic Guide. Second Edition. Christopher Helm, London.

Svensson L., Mullarney K., Zetterström D. & Grant P. J.  2012. Guia de Aves – Guia de Campo das Aves de Portugal e da Europa. Assírio & Alvim, Porto.


Árvore Europeia do Ano 2018 || European Tree of the Year 2018





















A concurso está o Sobreiro ASSOBIADOR, 
 uma árvore portuguesa!




















Podem VOTAR aqui até dia 28 de fevereiro!


#SemPalhinha

A campanha #SemPalhinha da Straw Patrol quer chegar a todo o país, e para isso todos temos que ajudar. Podem saber mais sobre esta organização no link acima, e aqui em baixo podem saber mais sobre esta ação! 

Com a problemática da palhinhas a ser cada vez mais discutida decidimos escrever uma carta modelo para facilitar a vida a quem quer ajudar-nos a sensibilizar os cafés/bares/restaurantes! Esta carta tem tudo o que necessitas para convencer o teu estabelecimento favorito a colocar de lado as palhinhas de plástico! Ajuda-nos a fazer a campanha #SemPalhinha chegar a todo o país! Para isso basta que na carta coloques o nome do estabelecimento, quando é pedido. Se enviares e-mail coloca strawpatrol@gmail.com como um dos destinatários; se escreveres pelo Facebook não te esqueças de nos marcares. Desta forma podemos dar seguimento à tua persuasão!
Ajudar a salvar os oceanos nunca foi tão fácil! 🐳🐡🌍🌊
__________
Caro/a gerente do [inserir nome do estabelecimento],
Como cliente contacto-o/a para lhe dar a conhecer um hábito que tem associados grandes riscos para a vida marinha e saúde humana: o uso de palhinhas de plástico.
Gostava que o [inserir estabelecimento] contribuísse para oceanos mais sustentáveis providenciando as bebidas #SemPalhinha, implementado uma política de #PalhinhaPorPedido, facultando as palhinhas unicamente a pedido do cliente. A redução do uso de palhinhas de plástico contribui para oceanos mais limpos e poupa também dinheiro a longo prazo. Este tipo de medidas demonstra a preocupação ambiental dos estabelecimentos, é uma boa publicidade e um exemplo para todos.
Se pretender ir mais além na proteção do nosso ambiente, proponho que as palhinhas disponíveis para clientes que assim o exijam, sejam mais sustentáveis. Posso sugerir palhinhas reutilizáveis (de alumínio, aço inoxidável, vidro, bambu, ver por exemplo www.sapatoverde.pt); palhinhas de papel descartáveis; palhinhas de trigo; palhinhas de bioplásticos que são compostáveis (www.vegware.com).
Ao se aliar à campanha #SemPalhinha, o projecto de sensibilização ambiental Straw Patrol dará destaque e publicitará o estabelecimento nas redes sociais como prova do empenho em reduzir a poluição por plástico. 
Incentivo à redução de palhinhas de plástico porque as palhinhas:
- não são recicladas apesar de serem recicláveis,
- fazem parte do Top10 de lixo marinho em Portugal e no resto do Mundo.
- são engolidas por animais como tartarugas e aves marinhas causando-lhes hemorragias, asfixia e danos em órgãos internos.
- se quebram em pedaços mais pequenos entrando na cadeia alimentar humana através de animais como peixes e bivalves (que ingerem microplásticos) e através do sal marinho.
Estima-se que em Portugal mil milhões de palhinhas sejam usadas por ano nas grandes cadeias de fast food. Se não quebrarmos este estilo de vida descartável, em 2050 haverá mais peso de plástico do que de peixe nos oceanos. 
Espero que pondere tornar o [nome do estabelecimento] mais sustentável e que concorde que políticas #SemPalhinha e #PalhinhaPorPedido beneficiam o planeta, os clientes e os estabelecimentos. Junto anexo duas imagens que podem ser usadas para sensibilizar os clientes. Para mais informações ou esclarecimentos não hesite em contactar a Straw Patrol por email para strawpatrol@gmail.com ou através da página Facebook www.facebook.com/StrawPatrol 
Com os melhores cumprimentos,



EDUCAR, REDUZIE, PROTEGER é o lema da Straw Patrol