quinta-feira, 18 de abril de 2013

Deste tempo que é o nosso

O mais certo era é o incerto

" Férias nem vê-las.
Não trabalhava mais que doze meses porque o ano não possuía mais meses para esse (ou outro) efeito.
Pior do que isso era não ter trabalho.
Felizmente ele trabalhava: 8 ou 9 horas por dia.
Quando o corpo lhe pedia que parasse, pedia ele ao corpo que o deixasse sossegado.
Não queria ser despedido.
Nem ganhar menos.
Ele recebia à tarefa e, se trabalhasse menos, prejudicava a família.
A bem dizer, não sabia quem um dia o contratara.
Sabia que fora um que dependia de um outro, que estava dependente de um terceiro, que dependia de um quarto, que ele não sabia quem era.
Não devia calar-se, mas calava-se porque lhe tinham dito - e ele sabia - que só havia trabalho para quem não revelasse as condições precárias em que trabalhava. "